quinta-feira, 13 de março de 2014

Sem Escalas - O genial novo filme de Liam Neeson que desafia o "jeito americano de pensar" (Crítica)



Sem Escalas (Non-Stop) é um filme americano/francês de ação e suspense dirigido pelo espanhol Jaume Collet-Serra (A Casa de Cera, A Orfã e Desconhecido), estrelado por Liam Neeson (A Perseguição, Desconhecido e ambos os Busca Implacável), Julianne Moore (Como não perder essa mulher, Carrie: A Estranha) e Scoot McNairy (O homem da máfia, Argo e 12 anos de escravidão) e lançado em fevereiro de 2014 aqui no Brasil.

Bem como as histórias de Agatha Christie, Sem Escalas tem como personagem principal Bill Marks (Liam Neeson), um agente federal responsável pela segurança de voos comerciais tanto dentro quanto para fora dos Estados Unidos. Durante uma dessas viagens, Bill recebe em seu celular uma mensagem de algum estranho demandando que fossem transferidos 150 milhões de dólares para uma conta, caso o contrário, alguém naquele avião morreria. O agente não dá atenção para isso inicialmente, até que a primeira pessoa morre. Então, Marks começa a desconfiar de cada passageiro, enquanto procura pelo responsável por colocar o voo em perigo. Durante sua busca, ele começa a ser mal-visto também pelos passageiros, culminando em um sensacional thriller policial.




O enredo não é muito atraente de início, mas não se deixe enganar: por mais fraco que possa parecer, ele vai acabar te surpreendendo. Aqui, Liam Neeson se passa pelo policial que deve encontrar o suspeito (ou a suspeita) responsável pelas ameaças e mortes. Ao mesmo tempo, ele é visto como o potencial assassino, que sofre de algum caso de esquizofrenia para poder justificar seus atos.

Tudo acontece enquanto o diretor Collet-Serra brinca (com direito a pequenas alfinetadas) com o "modo de pensar americano". Aqui, há todos os clichês possíveis: a loira gostosa e burra, o negro arruaceiro e o árabe como sendo o principal suspeito, algo que, querendo ou não, cruza a sua cabeça no primeiro instante em que você vê o personagem em cena. Fora isso, o diretor consegue fazer com que você fique o tempo inteiro procurando pelo criminoso, num filme onde todos os passageiros são muito suspeitos: ficam olhando de um lado para o outro, digitando coisas no celular, desafiando o agente e sussurrando entre si em pequenos grupos.

A atuação é impecável, tanto de Liam Neeson quanto de Julianne Moore e até mesmo de alguns membros da equipe do avião como o piloto, o co-piloto e as comissárias de bordo. Até alguns dos personagens totalmente secundários conseguem segurar as pontas e atuar de forma convincente. Mas, ainda sim, o maior destaque fica mesmo para Neeson, que consegue te prender ao personagem dele, de um modo que você está com ele, mas não confia nele. Nesse caso, é tudo imprevisível. Não é anormal se sentir um imbecil durante as cenas de maior tensão do longa, que parece brincar bastante com várias emoções que o próprio já pôs a prova à alguns minutos atrás.




Na reta final é onde as coisas começam a desandar, o suspense elaborado passa para um filme B qualquer onde o próprio assassino (ou assassina, vai saber né?) revela em voz alta o seu plano para todos os passageiros do avião. Isso tudo só não estraga o filme por causa do característico "momento Liam Neeson", que já esteve presente em muitos de seus filmes mais recentes, como Busca Implacável, onde todo o suspense se vai e a ação toma conta da tela, mas dá uma bela sensação de "podia ser melhor que isso".

O jogo de câmeras e todo o trabalho do diretor espanhol é muito competente, seja em imagens desfocadas em cenas de bebedeira ou a câmera imprevisível na mão durante as cenas de maior ação, nada inovador, mas que funciona bem no momento. Uma coisa interessante é que, logo de início, nós podemos ter subentendidas várias mensagens, como em uma cena em que Neeson poe em cima de uma mesa o seu distintivo. Quando ele retira o distintivo, vemos que ele estava por cima de um maço de cigarros, que pode sugerir que ele tem um vício. Esse tipo de mensagens um tanto "subliminares" são passadas aos montes ao longo do filme e dão um acréscimo a mais, que é bem bacana.

Sem Escalas é um bom suspense policial e com ótimas cenas de ação em sua reta final e pode agradar muitos. É mais um daqueles filmes bons, que não têm nada de especial mas consegue te prender até o fim e é gostoso de assistir.


NOTA FINAL: 4/5

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