terça-feira, 9 de junho de 2015

Jurassic Park III — Crítica [ESPECIAL: JURASSIC PARK]



Finalizando essa série especial de críticas de Jurassic Park, onde nós revisitamos os três anteriores filmes da franquia em preparação para Jurassic World, que estreia nesse dia 11 de junho, agora vamos conversar sobre o último da saga até então: Jurassic Park III.

Após mais quatro anos de espera, em 2001 os fãs finalmente puderam conferir o terceiro filme da franquia, Jurassic Park III, que desta vez não foi dirigido por Steven Spielberg e sim por Joe Johnston, com roteiro de Michael Crichton, Alexander Payne, Jim Taylor e Peter Buchman e, embora Crichton esteja tenha participado na criação deste roteiro, esse foi o primeiro filme que não foi diretamente baseado em nenhum romance específico do autor, diferente de seus dois antecessores. O elenco é composto pela volta de Sam Neil e Laura Dern, além de novos atores, como William H. Macy, Téa Leoni, Alessandro Nivola e Trevor Morgan.

Antes de mais nada, é bom deixar avisado que, caso você não tenha assistido Jurassic Park III antes (o que eu duvido muito, considerando que ele já tem 14 anos de idade), fique sabendo que essa crítica contém alguns SPOILERS do filme. Você foi avisado.
Dessa vez, Alan Grant (Sam Neil) está de volta e, apesar de ter tido um encontro não muito amigável com dinossauros no filme retrasado, ele continua a desenvolver teses e estuda-los. Desesperado para obter fundos para poder prosseguir com sua pesquisa sobre a inteligência dos velociraptores, Grant aceita a oferta de Paul e Amanda Kirby (William H. Macy e Téa Leoni), um casal de milionários que desejam fazer uma excursão pela ilha Isla Sorna e querem a companhia de Grant na aventura.


Durante a viagem, porém, Grant descobre que Paul e Amanda não são nem milionários e nem a ida à ilha é uma excursão, e sim uma tentativa de encontrar o seu filho de 12 anos, Erik (Trevor Morgan), que desapareceu nos arredores de Sorna enquanto voava de parapente com um amigo da família, há oito semanas.
O terceiro “episódio” na franquia marca o ponto onde a série começou a realmente decair — tanto no aspecto técnico quanto na direção e, principalmente, no roteiro — para muitas pessoas, inclusive este que vos escreve.

O roteiro de Jurassic Park III se aproveita de muitos aspectos já utilizados nos dois filmes passados. Por exemplo, a motivação de Alan Grant para voltar à ilha dos dinossauros é dinheiro A motivação de Alan e Ellie para ir até a ilha (sem saber o que esperar) no primeiro filme era dinheiro. Em O Mundo Perdido, a motivação de Ian Malcolm para voltar à ilha era resgatar a sua namorada. Dinheiro foi reutilizado no terceiro filme pelo simples motivo de que os roteiristas são meio preguiçosos, afinal de contas, se você notou quando eu disse ali em cima, David Koepp, o roteiristas dos dois filmes anteriores, não participou no roteiro de Jurassic Park III.

Mas para frente, nós vamos ser apresentados a um personagem que tem uma “bolsa da sorte”, assim como Sarah Harding, a namorada de Ian Malcolm em O Mundo Perdido, também tinha. Entende o que eu quero dizer? Há coisas que já foram usadas antes nos outros dois filmes que são simplesmente feitas novamente, do mesmo jeito, no terceiro filme.




Entretanto, é bacana ter a volta de Sam Neil como Alan Grant, afinal de contas ele já era um personagem que todos gostavam. E, ao menos de início, os roteiristas dão a devida atenção ao seu personagem e se mantém fiel ao que já havia sido feito antes, no primeiro filme. Semelhante àquela cena em O Parque dos Dinossauros em que Grant provoca o garoto que desdenhou de sua explicação de como era um velociraptor, nesse filme nós temos outro “momento Grant”, quando o filho mais novo de Ellie está brincando com dois dinossauros de brinquedo que são herbívoros. Grant então chega para o garotinho e diz que aqueles dinossauros são herbívoros e eles não brigariam entre si, e então demonstra para o garoto, com dois dinossauros carnívoros, como seria realmente. E esse é, sim, o velho Alan Grant que todos conhecemos.

Inclusive, há um easter egg bacana aqui. Os dois dinossauros que Grant usa para demonstrar para o garoto são, na verdade, um T-Rex e um Espinossauro de brinquedo que, mais para frente, suas versões reais vão literalmente brigar entre si, na ilha.

Outro dos problemas do roteiro, que acabou ficando sem sentido do produto final, é o fato de que Alan Grant e Ellie Sattler estão separados, por algum motivo. Algo bem estranho, considerando que o casal estava muito bem no primeiro filme. Enfim...




Além disso, no avião que os personagens estão usando para ir até a ilha, depois de vermos que Billy (Alessandro Nivola) também tem uma “bolsa da sorte”, como eu já disse antes, presenciamos essa que talvez seja a cena mais idiota de toda a franquia, talvez até mais do que a filha ginasta de Ian Malcolm chutando um velociraptor para longe em O Mundo Perdido: Alan Grant tem um sonho em que ele está sozinho no avião com um velociraptor. O dinossauro o encara e DIZ “Alan! Alan!” e então o personagem acorda...

Por que essa cena existe?! Nunca saberemos! Mas sabemos que ela é terrivelmente idiota e desnecessária.

Os outros personagens, além de Grant, também são bem idiotas durante a maior parte do filme. Os Kirby são interessantes a princípio, mas na ilha nós vemos que eles são estúpidos e que o roteiro não ajudou muito. Até porque ver a personagem de Téa Leoni gritando e se debatendo depois de ver um cadáver é interessante nos primeiros segundos, depois fica chato e irritante. Até mesmo o personagem de William H. Macy não é interessante, com todas aquelas piadas sem graça.

Outro problema que me incomoda bastante é o fato de que o roteiro espera que eu engula a história de que Erik, um garoto de 12 anos, sobreviveu na ilha povoada por dinossauros por 8 SEMANAS! Quero dizer: no filme anterior, um exército armado até os dentes foi morto e os sobreviventes foram forçados a deixarem a ilha em 2 ou 3 dias, mas Erik conseguiu sobreviver sozinho por 8 semanas?! Não. Apenas não.




Num aspecto técnico, mais precisamente se tratando de efeitos especiais, a equipe desse filme resolveu fazer o contrário do que fizeram anteriormente e decidiu usar mais dinossauros em CGI do que em animatrônicos. Há sim, alguns animatrônicos, mas estes são brutalmente inferiores aos dos dois filmes anteriores. O Espinossauro, por exemplo, quando não é representado por computação gráfica, é completamente mecânico e definitivamente se parece com um robô meio hidráulico, o que, provavelmente, não era a intenção da equipe.

Há também aqueles momentos de close-up nos dinossauros e, ao contrário do que era feito nos dois filmes anteriores, onde cerca de 95% dos closes eram feitos em animatrônicos, para esconder as imperfeições da computação gráfica, aqui os closes são nos dinossauros computadorizados, e você claramente pode ver todos os problemas da modelagem em 3D do filme. Tudo isso te faz pensar onde Stan Winston, o supervisor de efeitos especiais em todos os três filmes, estava com a cabeça.

Essencialmente, Jurassic Park III não é um filme muito variado. Ao longo de seus 92 minutos (!), tudo que vemos são os personagens fugindo de algum dinossauro até conseguirem escapar, para terem alguns segundos de paz e começarem a fugir de outro monstro. E é só isso. Aliás, é estranho o filme ter apenas 92 minutos, quando seus antecessores tinham mais de 120 minutos de duração.




Dito isso, Jurassic Park III não é um filme terrível. O roteiro tem incontáveis problemas, embora os citados sejam os mais gritantes... Entretanto, o filme tem sim algumas cenas legais, como o encontro dos personagens com o T-Rex que, embora não seja tão épico quanto as duas vezes anteriores, ainda é bem bacana. A primeiríssima aparição do Espinossauro, quando ele mata o primeiro mercenário na pista de pouso, é bem interessante. Por fim, a sequência onde os personagens são encurralados por vários velociraptores e Alan Grant utiliza uma espécie de apito que simula o som feito por um desses dinossauros para atrair a atenção deles para outro lugar. A cena é bacana, mas, quando você para pra pensar, é tosca também.

Enfim, Jurassic Park III não é horrível, mas não chega nem aos pés de seus dois antecessores, talvez pela saída de Spielberg do posto de diretor ou da saída de Koepp como um dos roteiristas. Pode até ser aquele filme que entretém numa tarde chata, por exemplo, mas de maneira nenhuma ele é uma sequência digna.



AVALIAÇÃO: 2/5
"Medíocre"


Por fim, essa série especial de Jurassic Park acabou, mas não se esqueça de passar aqui no Titans Desatualizados nos próximos dias para conferir a crítica de Jurassic World, que nós esperamos que seja fantástico!

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