Continuando a nossa série em preparação para Batman v Superman: A Origem da Justiça,
vamos deixar de lado o Homem de Aço e voltar à sombria e corrupta cidade de
Gotham.
Aviso: Caso você não tenha assistido o
filme (por algum motivo), saiba que a crítica a seguir está repleta de
spoilers! Você foi avisado...
Lançado
três anos após o primeiro filme, em 1992, Batman:
O Retorno (Batman Returns) foi
novamente dirigido por Tim Burton e
mais uma vez escrito por Sam Hamm e Warren Skaaren e trouxe, outra vez, um
elenco de peso, com a volta de Michael
Keaton e Michael Gough (que
descanse em paz), além da estreia de nomes como Christopher Walken, Danny
DeVito e Michelle Pfeiffer.
Apesar
do sucesso e impacto estrondosos que o Batman
de ’89 causou, aparentemente Tim Burton não ficou muito contente com o
resultado e não pretendia voltar para dirigir uma sequência. Mas essa opinião
mudou quando o diretor viu o roteiro do novo filme, que prometia muito mais
espaço para sua estética reminiscente do expressionismo alemão.
De
fato, a sequência que recebeu o título de Batman
Returns (a única vez que o
diretor tomou o comando criativo de uma continuação de um trabalho anterior)
tem muito do estilo de Burton. Pode até se dizer que Batman: O Retorno é um filme bastante autoral, e isso se percebe
por qualquer um que já tenha entrado em contato com seu estilo peculiar logo na
primeira cena.
A fotografia
se segura muito bem para capturar o estilo de Burton. Gotham está mais gótica
do que nunca e, considerando que todo o filme se passa durante a noite, o
diretor de fotografia Stefan Czapsky faz um ótimo trabalho.
Mas
o que mais se destaca são os personagens. Mais precisamente: os vilões. Assim
como seu antecessor, parece que os “Batmen” de Tim Burton são sempre bem
sucedidos em trazerem os melhores vilões do Morcego na telona, e dessa vez não
foi diferente. Não só as interpretações de Danny DeVito como o Penguim e Michelle Pfeiffer como a Mulher-Gato são incríveis, visualmente
os personagens também são excelentes. Prova disso é que o estupendo trabalho de
maquiagem que transformou DeVito no Penguim recebeu uma nomeação ao Oscar.
A
Mulher-Gato de Pfeiffer é simplesmente excepcional e foi, provavelmente, o
sex-symbol de todo adolescente e pré-adolescente que cresceu durante os anos
90. Cada cena da personagem vestida com sua fantasia colada é instigante e
quase sempre tem algum diálogo de duplo-sentido, que passam reto pelos ouvidos
mais infantis e vão parar apenas nos mais adultos. “I feel a lot yummier”, “Life’s
a bitch, now so am I” (ambas ditas pela felina) e “Just the pussy I was looking for” (proferida pelo Pinguim quando se
encontra com a Mulher-Gato pela segunda vez) são alguns exemplos. E como esquecer
daquele icônica cena que termina com um “Miau”
e uma explosão? E todo confronto dela com o Batman é ótimo, principalmente o primeiro. As representações de ambos os vilões nesse filme são, de
longe, as melhores já vistas no cinema (isto é, a Mulher-Gato de Pfiffer não
tem competição à altura e o Pinguim de DeVito dificilmente terá caso resolvam leva-lo
ao cinema novamente, ao menos na opinião deste humilde autor).
Mas
se o longa brilha visualmente (na verdade nem sempre, as vezes o estilo de
Burton vai um pouco longe demais), ele peca muito no roteiro. Em partes por ter
dado espaço demais às criações peculiares do diretor e em partes por ter uma
história indecisa e meio sem sentido, o roteiro muitas vezes recorre à coisas
muito fantasiosas (como o guarda-chuva-helicóptero ou o Pato-de-borracha-móvel,
ou o “hack” do Batmóvel por capangas de um cara que viveu todos os seus 33 anos
nos esgotos de Gotham), o que vai de encontro com a vibe meio “sombria” que o
universo do filme propôs no início.
Há
outros problemas, como personagens que se teletransportam de um lugar para o
outro na velocidade da luz, de uma cena pra outra (mais ou menos como o que a
Lois Lane faz em Homem de Aço, mas
falarei disso noutro post), o que pode ser descrito como uma espécie de erro
de continuidade. E também há o personagem de Christopher Walken, um homem de
negócios chamado Max Schrek, que
existe por basicamente nenhum motivo. Se ele não estivesse ali, não ia fazer a
menor diferença.
Além
disso, o uniforme do Morcego mudou um pouco, permitindo um pouco mais de
mobilidade. Desse modo, as lutas são muito mais fluídas e menos robóticas.
Ao
contrário de seu antecessor, Batman: O
Retorno envelheceu muito bem e, embora o seu roteiro esteja cheio de
problemas e ele não seja tão bom quando o filme de '89, o longa ainda é divertido de se assistir e pode ser uma boa fonte de
entretenimento.
AVALIAÇÃO:
3/5
"Bom" |
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